9º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos tem crescimento de 30%

O 9º CBPE da ABRAPE aconteceu entre os dias 5 e 6 de novembro, no novo Distrito Anhembi, capital paulista

Um dos momentos oficiais durante abertura do Congresso

O 9º Congresso Brasileiro dos Promotores de Eventos (CBPE), e a 4ª edição da Expo ABRAPE, promovidos pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), aconteceu entre os dias 5 e 6 de novembro de 2024, no Distrito Anhembi, na capital paulista. O encontro, segundo dados divulgados pela organização do evento, reuniu 2600 participantes, mais 400 integrantes na Academia Forma e Transforma e 88 stands na feira.

Primeiro dia de evento

A manutenção do PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) foi uma das grandes batalhas vencidas pela Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape) em 2024 e deve seguir sob os holofotes da entidade para garantir a sua vigência até 2026, prazo, inicialmente, estipulado para o encerramento do benefício concedido em março de 2022 às empresas do setor. A duração, daquela que é considerada a maior conquista tributária do Brasil nos últimos 25 anos, está atrelada a fatores macroeconômicos e da interpretação dos dados pela Receita Federal. No entanto, os resultados positivos obtidos na geração de empregos e no consumo constatam que deve ser preservado pelos próximos dois anos.

O tema foi destaque no primeiro dia de evento, que ocorreu com foco no debate dos principais assuntos da cadeia produtiva do setor, capacitação, troca de experiências e networking. “Esse ano, o congresso quebrará o recorde de 2 mil inscritos. São mais de 35 expositores, um crescimento de 30% em relação ao ano passado. Estamos celebrando o ano da associação, que começou com a manutenção do Perse, medida responsável por garantir R$ 1 bilhão de renúncia fiscal para os associados da Abrape em 2022 e 2023”, destacou o presidente da Associação, o empresário Doreni Caramori Júnior, durante a abertura do encontro.

Ele lembrou ainda do movimento feito para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. O Festival Salve o Sul foi realizado no Allianz Parque, em São Paulo, em junho deste ano e arrecadou R$ 8,2 milhões. Foram mais de 40 artistas, como Luísa Sonza, Pedro Sampaio, Lulu Santos, Menos É Mais, Preta Gil e Gloria Groove. “Foi um dos principais gestos sensoriais para reconstrução do estado, com o apoio de mais de 150 empresas e dois mil voluntários. Talvez a grande comemoração de 2024, pois além de fomentar desenvolvimento e empregabilidade, também promovemos a solidariedade”, disse Júnior.

Em meio às conquistas, a Abrape se prepara para mais uma batalha: a Reforma Tributária, já que após o setor de eventos ser incluído como um dos setores com alíquota reduzida, o governo fez restrições excluindo alguns elos da cadeia. “Precisamos corrigir mais essa injustiça. Alíquota cheia e cadeia curta vai elevar, pelo menos, em duas vezes a carga tributária padrão para o nosso setor. É arriscadíssimo deixar correr a reforma como está”, mencionou o presidente. Também participaram da abertura do congresso, Júlio Batista, Vice-Presidente da ABRAPE, Bruno Glat, Head de On Premise Marketing, da Red Bull, Regina Santana, Secretária Municipal de Cultura, Marcelo Ribeiro, Secretário Municipal de Turismo e Cláudio Costa, Vice-Presidente do SINAPREM.

A resiliência do setor de eventos permeou a palestra “Cenário político e econômico para o setor de eventos”, comandada pelo especialista em comunicação digital, Caio Copolla. Logo no início da sua apresentação, ele ressaltou a velocidade com que o segmento conseguiu se organizar e a sua resistência diante das perdas durante a pandemia. Ao parabenizar a Abrape pelo PERSE, o comentarista político enfatizou que “essa renúncia fiscal se traduz em mais empregos e oportunidades, vocês têm todo direito. Ao lutar por desoneração estamos fazendo reparação histórica”. Entre 2020 e 2021, foram 880 mil eventos cancelados e R$ 230 bilhões que deixaram de ser faturados.

Uma decisão muda a qualidade de vida das suas famílias, por isso a importância de entender a relevância de se organizar politicamente”, disse Copolla, referindo-se ao trabalho feito pela Abrape em Brasília, que culminou com o atual apoio de centenas de parlamentares à causa do mercado de eventos. Em sua palestra, o advogado, que está entre as dez personalidades mais influentes da política, falou sobre o atual governo, cuja essência é considerada reacionária. Isso significa insistir nos velhos conceitos, apesar de uma realidade positiva. “Temos um poder executivo, que não abre a janela para aquilo que é novo”, mencionou.

De acordo com o palestrante descoberto pela Jovem Pan, o cidadão médio trabalha 149 dias por ano só para pagar imposto, 40% do seu tempo vai para os tributos. “As pessoas querem ter liberdade para que a força de trabalho dela seja monetizada. O mundo está caminhando para outra visão, que não bate com a visão do nosso governo. No Brasil, a nossa elite orgânica, os nossos melhores não são necessariamente a nossa elite política. A possibilidade de reeleição continua, temos parlamentares no nono mandato. Quando colocamos os parlamentares para indicarem ou participarem do governo, estamos botando o fiscal atuando como administrador”, observou.

Sustentabilidade 

Em uma era onde a tríade ESG se tornou mandatária dentro do planejamento estratégico das empresas, independentemente do setor, o criador e curador da Eventos Associativos e conselheiro consultivo do São Paulo Visitors & Convention Bureau, Rodrigo Cordeiro, trouxe a importância do tema, cujo significado pra ele está atrelado à coerência. Para o especialista, investir no social, ambiental e na governança significa pensar em cada detalhe, entregando valor para quem estava no evento e minimizando tudo o que se tornou desnecessário diante de tamanha mudança de comportamento da sociedade.

O ESG em empresas costuma ser galho de árvores, quando deveria ser raiz. A estruturação do negócio nasce na sustentabilidade”, comentou o executivo.

Dentro deste cenário, ele apontou as dimensões do ESG em eventos, que envolve acessibilidade, inclusão, conscientização, critério de escolhas, gestão, transparência, legado, engajamento da comunidade local, controles, relatórios e dados. “É unânime dizer que ESG é vital para o setor de eventos, mas devemos estar preparados para as mudanças”, disse, apresentando dois cases de sucesso, o 8 Fórum Mundial da Água e GLocal Experience. “ESG não tem uma medida mais ou menos, é uma máxima sempre”.

Segundo dia de evento

Desmistificar o ditado popular “Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, talvez seja o primeiro passo para saber lidar com essa turma com idade entre 12 e 27 anos. “Eles são feitos de outro material”, observou o mestre em comunicação, Dado Schneider, um dos palestrantes do encontro promovido pela Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape). Durante quase uma hora, ele garantiu um ambiente descontraído ao repetir o slogan “bem na minha vez”, afinal os baby boomers esperaram décadas por uma posição de liderança, até que o mundo mudou, deixando de ser vertical, como no século passado, para se tornar, agora, horizontal.

Antes nos diferenciávamos pela idade, agora é pela mentalidade. A geração Z faz parte de outra agenda, a ESG, marcada pelos princípios da suscetibilidade, inclusão, diversidade, cooperação e compartilhamento. Sem internet, tudo vinha dos mais velhos e aprendíamos com eles. Mesmo não gostando, não tinha outra opção. A internet trouxe infinitas novas possibilidades de formação. Houve uma alteração no poder. A gente parou de precisar prestar atenção em quem não quer mudar a forma de ser, pensar e agir. Antes eu servia café para o diretor. Hoje eu ofereço café para o estagiário”, brincou o especialista.

Diante do cenário, fica a dúvida mencionada por Schneider: “As novas gerações vão querer trabalhar com a gente? Vão prestar atenção nas nossas falas?”. Afinal, aponta o professor, “esse é o grupo mais diferente desde os hippies”.

Confira algumas imagens por Polly Eventos e Portal Eventos