No final da tarde desta quinta-feira (01/08/2013) os dirigentes da Alatur e da JTB reuniram cerca de 500 funcionários da agencia brasileira no Circulo Italiano, espaço situado no Edifício Itália, também sede da Alatur, para comunicar que a concretização da negociação e responder aos questionamentos de seu quadro de pessoal.
O grupo japonês JTB, que fatura US$ 12,3 bilhões por ano no setor de viagens corporativas e de lazer, assumiu 47% do Grupo Alatur, um dos maiores desse mercado no Brasil, com receita de R$ 1,3 bilhão.
Os recursos aportados pelos japoneses serão integralmente investidos na companhia, incluindo capital para aquisições, disse o sócio e co-presidente da Alatur, Ricardo Ferreira. "O plano é quintuplicar o valor de mercado da empresa e faturar R$ 5 bilhões em sete anos", afirmou. Os números da operação não foram revelados pelos sócios.
O segmento de viagens corporativas movimentou entre janeiro e junho deste ano R$ 6,1 bilhões no país, 13% a mais que no mesmo período de 2012. Os dados são da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), que projeta um faturamento de R$ 13 bilhões em 2013. Mas executivos do setor estimam que o movimento anual seja maior, de R$ 25 bilhões, uma vez que nem todas as empresas desse mercado são associadas à entidade e têm seus números incluídos nos cálculos.
"Temos meta de aumentar a participação de nossas operações internacionais no faturamento do grupo, dos atuais 13% para 50% até 2020. Brasil e América do Sul são fundamentais", disse o presidente da JTB Américas, Yoshinori Himeno.
Os brasileiros terão quatro assentos no conselho da Alatur, enquanto a JTB terá três votos. O contrato, assinado em 25 de julho, não prevê opções de compra ou de venda para nenhuma das partes no futuro. "Só deixamos claro que não abriríamos mão do controle", disse Ferreira sobre as negociações que duraram um ano. A Alatur opera quatro unidades de negócios: de viagens corporativas, de eventos e incentivos, de viagens pessoais, a HRG Brasil, parceira com o grupo internacional HRG Worldwide, que atende grandes clientes multinacionais e é sócia do MCI Group, maior empresa de eventos do mundo, na MCI Brasil.
A maior parte do faturamento anual de R$ 1,3 bilhão em 2012 foi gerado pelas viagens corporativas. "Mais que comprar passagens e diárias, fazemos a gestão da mobilidade de pessoas nas empresas", afirma Ferreira.
Na JTB, as unidades incluem todo o universo corporativo e mais o turismo de lazer. "Existe um corredor importante ligando a Ásia e o Oriente Médio ao Brasil e à América Latina que queremos aproveitar", afirma Himeno. A Alatur vai criar uma nova unidade, a JTB Brasil, que vai oferecer serviços ao fluxo de turismo entre Japão, Ásia e o Brasil.
No Brasil, a Alatur quer crescer preservando margens, hoje na casa de 8% ao ano, mais que o dobro dos percentuais praticados no mercado japonês onde atua a JTB. "E não há como fazer isso sem qualidade de profissionais. Vamos contratar e treinar", disse o co-presidente da Alatur.
A JTB vai agregar à empresa brasileira tecnologia digital usada no Japão. "Teremos ganhos de sinergia e vamos investir em tecnologia. Esse caminho vai ser cada vez mais usado, inclusive para gerar margens", disse Ferreira. "O crescimento dos segmentos do turismo vem sendo mais forte que o ritmo do PIB do país nos últimos anos", disse o sócio da Alatur.
O plano é concluir o processo de integração das duas companhias e apropriação das sinergias dentro de até três anos. Esse seria o prazo para iniciar um novo ciclo de expansão, internacional. "O nosso próximo passo mais natural seria expandir para outros países da América do Sul. É como aquele jogo de tabuleiro, o War: depois de conquistar o Brasil, a América do Sul fica mais fácil", disse Ferreira.
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