Jornal Festuris - Anunciado como presidente, qual a expectativa para o trabalho à frente do Cetur?
Alexandre Sampaio - A nova administração da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) propõe uma gestão mais integrada, o que nos dará possibilidade de potencializar a atuação no Legislativo, sempre de maneira engajada com os pleitos do setor de turismo. Os seminários desenvolvidos para debater temas apontados pelos Conselhos e Câmaras das Fecomércios terão continuidade em 2019. E os temas tratados serão Turismo Religioso e Turismo de Saúde. Também daremos continuidade ao Grupo de Trabalho de Turismo de Fronteira, entre outras iniciativas. Além do levantamento sobre empregabilidade no Turismo que já realizamos, em 2019, contaremos com uma nova pesquisa, desenvolvida a partir de um convênio com uma operadora de cartão de crédito.
JF - Em sua opinião, quão importante tem sido a atuação da CNC nos últimos anos para o turismo nacional?
AS - Desde a sua criação, em 1945, que a CNC atua na representação do setor de Turismo e Hospitalidade. Em 1955, a Confederação criou o Conselho de Turismo, que de forma expressiva deu início à representação do setor no País. À época, pouco se falava em turismo e a CNC, com o Conselho, reuniu as poucas entidades de turismo que havia no País. Com ele, participou de eventos nacionais, gerou importantes documentos para que auxiliassem a geração de políticas públicas para o setor. A partir de 2014, nós transformamos o Conselho de Turismo em Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur). Com isso, passamos a ser o principal fórum de discussões objetivas em prol do empresariado do turismo nacional.
O Cetur vem atuando em várias frentes, com apoio e participação de 26 entidades associativas empresariais. Realizamos seminários com temas como impactos da economia compartilhada no mercado de turismo; a importância do turismo esportivo no fomento dos destinos; como os eventos podem ajudar a recuperar as principais capitais do Brasil e muitos outros. Em 2018, produzimos um documento intitulado Turismo: +desenvolvimento +emprego +sustentabilidade (disponível aqui), com propostas da cadeia produtiva para impulsionar a indústria do turismo, que pode ser um importante vetor da retomada do crescimento econômico e da geração de empregos no País. Esse documento foi entregue aos nove principais candidatos à Presidência da República e também customizado pelo trade para entrega nos Estados aos candidatos a governador. O resultado foi imediato, e pela primeira vez o Brasil ouviu os candidatos falarem sobre o turismo.
O Sistema representa cerca de 940 mil empresas, com 140 sindicatos do segmento de Turismo. Temos a representação da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) e de Conselhos e Câmaras Empresariais de Turismo nas Federações do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércios), nos 26 Estados e no DF.
JF- Patrocinadora do Festuris há anos, como você avalia a parceria entre a CNC e o evento?
AS - FESTURIS Gramado está em sua 31ª edição e a CNC é patrocinadora da Feira há, pelo menos, cinco anos. É uma das principais feiras do Brasil e agora também realiza o Meeting, consegue reunir vendedores, compradores, lideranças e representantes do poder público e da iniciativa privada e imprensa em um mesmo espaço para fazer negócios, contatos, pensar o turismo e difundir conhecimento. Acreditamos nessa parceria e nos excelentes resultados que a organização se propõe a cumprir. A presença do Sistema CNC-Sesc-Senac reafirma o nosso compromisso com o turismo nacional e os eventos que somam e fazem diferença para o setor. E, nesse sentido, o Festuris Gramado é parte que nos ajuda a concretizar esse compromisso com o trade turístico e com os empresários do comércio de bens, serviços e turismo.
JF - Sobre a FBHA, o senhor foi reconduzido para mais uma gestão à frente da Federação, quais os planos para 2019?
AS - Fui reconduzido para mais um mandato à frente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), e temos vários desafios pela frente. Posso citar a atuação por maior transparência na arrecadação de direitos autorais de audiovisual do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e pelo fim da cobrança nos quartos de hotéis; questões relativas à gorjeta e aprovação do plano Brasil Mais Turismo, apresentado pelo Ministério do Turismo e que está parado na Câmara dos Deputados, para ser votado. A FBHA, em parceria com a Assessoria Legislativa da CNC e interação com as Fecomércios, junto aos seus Conselhos e Câmaras de Turismo estaduais, pode ter interlocução com deputados e senadores para conseguirmos uma coesão para que as matérias de interesse do setor possam ser votadas e aprovadas. A Federação vai trabalhar de maneira célere e focada neste intuito.
JF - Em sua opinião, como voz influente principalmente nas áreas de hotelaria e gastronomia no turismo, quais as tendências destes segmentos para 2019?
AS - O Turismo tem mostrado sua importância aos poderes públicos e os segmentos específicos de meios de hospedagem e alimentação fora do lar são os maiores empregadores de um setor que já é intensivo em mão de obra. Apoiar o crescimento dessas atividades é gerar emprego e renda para o País. Acreditamos que o Turismo pode ter um papel preponderante para desempenhar no próximo governo, e o anúncio da manutenção do Ministério do Turismo nos leva a crer que o presidente eleito compartilha dessa visão. Com o novo governo, o empresariado brasileiro acredita em uma maior abertura de mercado. Se essa tendência se concretizar, o turismo pode dar um salto na geração de negócios. Pois, quanto maior confiança do investidor nas ações governamentais, aumenta a participação de empreendimentos turísticos de corpo (mais significativos). O equilíbrio das contas públicas e as reformas, destaco aqui a tributária, promovendo a desburocratização e diminuição da carga tributária para empresas do setor, também são temas prioritários.
JF - Chegando ao final de 2018, como você avalia o ano para o mercado turístico?
AS - Na maioria das capitais, e para o Brasil como um todo, foi um triênio muito difícil. No geral, os resultados foram diminutos, comparados ao triênio anterior, por motivos como a queda no poder aquisitivo da população, crise econômica nas empresas, violência na maioria das capitais – mesmo nas nordestinas. Tanto para a hotelaria, com o fechamento de muitos hotéis e quedas na ocupação, quanto para a alimentação fora do lar nas capitais, onde a violência diminuiu muito as saídas noturnas e os jantares de lazer.
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