A pandemia do COVID-19 colocou a sociedade numa encruzilhada. Muitas perguntas ainda com poucas respostas em vista. O fundo do poço que a economia pode chegar, com quedas abruptas na renda e no emprego, são, ainda, questões igualmente nebulosas e que dependerão, em grande medida, de como as populações e os governos irão se comportar e que ações efetivas tomarão para responder a este momento um tanto quanto sui generis em que vivemos.
No caso do turismo, especialmente, um dos setores mais afetados pela crise, se não o mais afetado, muitos especialistas parecem convergir para a ideia de que este será um dos últimos setores da economia a se recuperar. Em tempos de baixa ou nenhuma mobilidade pelo mundo, pensar em uma atividade cujo o fundamento é o deslocamento das pessoas parece bastante prematuro, tendo em vista que todo o processo da pandemia e suas consequências ainda estão longe do fim. Ainda não sabemos, por exemplo, como será o comportamento deste turista pós-COVID-19, como se dará o seu processo decisório, que tipo de adaptações os diversos destinos e equipamentos turísticos terão que fazer para serem elegíveis e serem considerados seguros para que uma viagem possa ser realizada. Aqui, como em todos os setores, temos muito mais perguntas que respostas.
Tentando lançar alguma luz na escuridão que nos encontramos, a OMT (Organização do Mundial do Turismo) lançou um documento de duas páginas chamado “Tourism’s COVID-19 Mitigation and Recovery” (A Mitigação e recuperação do Turismo por conta do COVID-19, em tradução livre) (https://www.unwto.org/news/unwto-launches-a-call-for-action-for-tourisms-covid-19-mitigation-and-recovery). Neste documento, a OMT aponta 23 recomendações para a mitigação e recuperação do setor de turismo, divida em três áreas-chave: gestão da crise e mitigação dos impactos; provimento de estímulos e aceleração da recuperação e preparação para o amanhã.
Fonte: Google Imagens
O primeiro conjunto de recomendações, com ações imediatas para tentar gerenciar a crise, segue no sentido de socorrer empregos e garantir o mínimo de liquidez para os trabalhadores e empresas. Tendo em vista que o turismo e seus diversos subsegmentos, como o setor de eventos, são intensivos em mão-de-obra, deixar estes trabalhadores desamparados poderia ser uma tragédia ainda maior para o setor, e, por consequência, para toda economia. No Brasil, medidas como o auxílio emergencial de R$600,00 e outras medidas estabelecidas pela MP 936 seguem no sentido de reter ou aliviar a crise sobre o mundo do trabalho. Seus resultados e efetividade ainda estão por serem avaliados.
No segundo bloco de recomendação, a OMT enfatiza o provimento de estímulos financeiros, incluindo políticas tarifárias favoráveis, a derrubada de restrições de viagem tão logo a emergência de saúde permita, facilitação de vistos e reestabelecimento da confiança do consumidor, de forma a acelerar a recuperação. A OMT acredita que o setor de turismo deva ser posto como central nas políticas e planos de ação para a recuperação das diversas economias.
Por fim, o último bloco das recomendações feitas pela OMT, que dizem respeito sobre a “preparação para o amanhã” é muito vago, não apresentando nenhuma recomendação relevante, a não ser a ideia de que os governos estejam preparados para construir previamente planos de ação estratégica que aproveitem oportunidades. A verdade é que ninguém ainda tem a resposta certa nem sobre o presente, muito menos sobre o futuro. O futuro sempre foi incerto. Mas agora ele parece mais incerto do que nunca. Uma certeza, contudo, é que o futuro, realmente, não é mais como era antigamente.
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