O Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e a Fecomércio/RS promoveram, na terça-feira, dia 14 de maio, na Associação Comercial e Industrial de Santana do Livramento (RS), o quarto Seminário Regional de Turismo de Fronteira. A iniciativa, já realizada nas cidades de Ponta Porã e Corumbá (Mato Grosso do Sul) e Chapecó (Santa Catarina), debate como a atividade turística pode promover a integração e o desenvolvimento de várias regiões brasileiras que fazem dividas com países como Paraguai, Uruguai, Argentina e Bolívia.
Uma das propostas da CNC é difundir o turismo como fator de integração e desenvolvimento da faixa de fronteira do Brasil, possibilitando intercâmbio cultural, desenvolvimento sustentável, harmonização entre os povos e outros benefícios.
Na abertura do evento, o vice-presidente da Fecomércio-RS e presidente do Sindihotel –RS, Manuel Suárez reforçou que é preciso incentivar o fluxo de turistas nestas regiões, a fim de gerar mais riquezas. “Santana do Livramento e Rivera precisam aproveitar este potencial criando mais atrativos e investindo em infraestrutura. Os eventos, acrescentou, poderiam atrair um público de todo o país. “Cabe a nós, líderes comunitários e lideranças empresariais buscar estas melhorias”, acrescentou.
Outro ponto destacado foi o efeito econômico do projeto de instalação de free shops do lado brasileiro das fronteiras terrestres. Lucas Aronne Schifino, da assessoria econômica do Sistema Fecomércio/RS afirmou que, dependendo da forma que a lei for regulamentada, poderá apresentar alguns riscos para estas regiões especificamente. “É preciso ter cuidado para não criar condições desiguais de concorrência em relação ao comércio já estabelecido”, disse. Segundo ele, o aspecto mais relevante juridicamente é quem poderá comprar nestes locais, ou mais precisamente, como poderá ser caracterizado um turista em trânsito pela fronteira terrestre.
O desenvolvimento do turismo sustentável em Rivera ganhou relevância na palestra de Gustavo Sprei. O consultor do BID reforçou que o crescimento deve se dar nos dois países. “Precisamos trabalhar conjuntamente e aumentar o pernoite por turista. Além disto, desenvolver projetos em comum e que permitam aproveitar os recursos naturais valiosíssimos que temos, pois não estamos oferecendo nada. É preciso ter uma identidade turística comum”, acrescentou. Gustavo demonstrou que a cidade uruguaia tem 630 ofertas de cama e, em Livramento, 2.224. A quantidade de turistas alojados em 2010 foi de 402 mil pessoas e, em 2011, 424 mil. Neste mesmo ano, 155 mil brasileiros passaram pela fronteira de Rivera para visitar o Uruguai.
A vice-presidente da Junta Diretiva da Organização Mundial de Turismo e presidente Executiva do Instituto Polo Internacional Iguassu, Fernanda Fedrigo, frisou que o tema é tão polêmico e desafiador quanto é relevante no aspecto econômico para o Brasil e para países fronteiriços. Ela detalhou o cenário da faixa de fronteira do País, que tem, atualmente, 10 milhões de habitantes, 11 estados e 588 municípios, além de avaliar como baixíssimo o fluxo de turistas estrangeiros, apesar do potencial de crescimento.
Afinal, dos cinco milhões de estrangeiros que o Brasil recebe, aproximadamente 46% são da América do Sul, e 22% chegam ao País por vias terrestres. “Infelizmente, ainda tivemos poucos avanços com o Mercosul. O turismo pode ser o caminho para um olhar diferenciado para essas fronteiras, que são vistas como feias e ruins. Temos que ser audaciosos”, declarou Fernanda. A presidente informou ainda que, de 12 a 14 de junho irá acontecer o I Seminário Latino Americano de Fronteiras em Foz do Iguaçu. Serão tratados temas como free shops, mobilidade nas fronteiras, infraestrutura turística nas fronteiras e roteiros integrados.
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