Outros dados da publicação que ajudaram ainda mais a inquietar o setor são as informações sobre o desempenho dos hotéis nas Copas da Alemanha e África do Sul. A análise mostra que os hóspedes regulares tendem a evitar as cidades-sede no período dos jogos. É o caso de Porto Alegre, tipicamente voltado para o turismo de negócios e eventos. As previsões iniciais, na opinião do mercado, estão se confirmando. Os hotéis gaúchos, até o momento, apontam uma baixa procura para o Mundial, sendo que a média de reservas feitas é de apenas dois dias durante os jogos do torneio.
Faltam apenas cinco meses para o maior torneio de futebol do mundo, e a expectativa de que a procura de turistas aumentasse após o sorteio dos jogos para a Copa, em dezembro, não se confirmou. A redução na quantidade de visitantes prevista foi reforçada pela Fifa, que diminuiu em 70% o número de reservas na cidade, os chamados inventários. Cinco anos atrás, a entidade solicitou exclusividade de 3 mil apartamentos para o Mundial. Um dos principais motivos para a baixa demanda, apontam os hoteleiros, é a distância da Capital de outras cidades-sede.
Segundo o gerente comercial do Hotel Deville de Porto Alegre, Carlos Sanches a capital gaúcha leva desvantagens geográficas e climáticas: está afastada dos grandes centros, sem falar nas baixas temperaturas durante o mês de realização dos jogos. “Os europeus não vão querer passar frio”, diz ele. O executivo reforçou ainda que os times de alta performance, assim como os turistas, vão evitar o desgaste dos deslocamentos de avião, ainda mais em aeroportos lotados, com tarifas altas e deficiente em termos de infraestrutura.
Os hoteleiros gaúchos acreditam que os vizinhos argentinos vão vir para o estado de ônibus e voltar no mesmo dia. Outra constatação feita pelo gerente do Mercure Porto Alegre Manhattan Hotel, Fernando Kanbara, baseada na experiência da rede em Copas realizadas em outros países, é a retenção dos turistas na cidade. “Nas reuniões realizadas recentemente chegamos a conclusão de que o grande desafio para o setor, especialmente em Porto Alegre, será o de manter a ocupação hoteleira nos intervalos entre os jogos, ou seja, o antes e o depois”, diz ele.
O presidente do Sindihotel, Manuel Suárez, reforça ainda que as seleções são itinerantes e farão apenas um jogo na mesma cidade. “Os torcedores vão embora junto com o seu time”, adianta. Segundo ele, a Fifa já tinha alertado a necessidade de oito sedes para a realização da Copa no Brasil e não 12, definidas pelo governo. “A Federação identificou pouca procura por hospedagens nas cidades de Porto Alegre, Manaus, Cuiabá e Curitiba. E a reserva só é confirmada com o pagamento. Ninguém vai comprar diárias com cinco meses de antecedência”, ressalta.
Construções
A expectativa para a Copa causou uma grande concentração de projetos de novos hotéis em Porto Alegre, tanto de empresários locais quanto de grupos internacionais. No início do ano passado, a projeção era de que o número de leitos na Capital seria ampliado em ao menos 30%, de 16 mil para 21 mil. Até junho, mais três hotéis deverão ficar prontos em Porto Alegre, elevando o número de leitos em 1,2 mil.
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