O total recapeamento do circuito de Interlagos, realizado no ano passado pela Prefeitura de São Paulo, procedimento amplamente elogiado por equipes e pilotos durante a prova de Fórmula 1 em 2007, foi novamente avalizado tecnicamente. O novo asfalto foi aprovado nesta terça-feira, 21 de outubro, por técnico da Infraero, e poderá servir de referência para os aeroportos brasileiros, principalmente os de pista curta.
O gerente de manutenção de Congonhas, o engenheiro Mario Tinen, realizou alguns testes no circuito em companhia de técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o resultado foi considerado excelente.
O teste principal foi executado com o auxílio do 'Mu meter', um equipamento que mede o índice de aderência do asfalto. Para um aeroporto, o coeficiente deve ser de 0,50 ou mais. No traçado do GP, o coeficiente medido foi de 0.56; na pista lateral, fora do traçado da F1, 0.63 (como está menos emborrachado, a aderência é maior) e, no asfalto antigo, utilizado até 2006 (que ainda permanece na pista auxiliar), 0.53. Com uma limpeza profunda da pista ainda prevista para os próximos dias, o coeficiente do traçado do GP poderá ser também de 0.63 no final de semana do GP Brasil, dias 31 de outubro, 1 e 2 de novembro, em São Paulo.
Simultaneamente ao teste de aderência, o mesmo equipamento avaliou as condições de drenagem da pista. O 'Mu meter' possui um tanque com capacidade para mil litros de água. Todos os resultados dos testes serão tabulados e analisados pelo IPT, conforme informações da organização do GP Brasil de F1.
O total recapeamento da pista faz parte de todo um projeto de modernização do Autódromo, iniciado em 2005, que prioriza os investimentos em obras definitivas em detrimento às provisórias, tudo baseado em um severo estudo das necessidades dos esportes a motor. Para este ano, com investimento de R$ 30 milhões – R$ 19,5 milhões na adequação do Autódromo para a prova e o restante em obras definitivas – a Prefeitura entregará intervenções importantes à meca da velocidade paulistana. Estão praticamente prontos para o grande dia: um novo hospital de ponta; a ampliação e cobertura definitiva do terraço do Paddock; troca da cobertura dos boxes; conclusão da construção de arquibancadas fixas do módulo M, que agregará mais 2,5 mil lugares confortáveis, além de espaço de serviço para as cabines de rádio; e ainda estrutura fixa para a área do Hospitality Center, que poderá ser utilizada por todo o ano como arena para shows.
As obras estão a todo vapor desde julho deste ano. O resultado desta empreitada é um autódromo a cada ano mais atualizado, moderno e seguro, com estruturas permanentes que serão utilizadas por todas as categorias da velocidade que utilizam o circuito durante todos os meses. No ano passado, a Prefeitura entregou, além de 4,3 km de pista totalmente recapeada, após oito anos, 5 mil lugares em arquibancadas fixas, o que já representou volumosa economia para a adequação deste ano.
“Esta economia nos possibilita investir em obras definitivas, o que resulta em um local à altura da evolução do automobilismo contemporâneo e permitem que o espaço seja ainda melhor utilizado durante todos os meses em outros eventos”, explica Caio Luiz de Carvalho, presidente da São Paulo Turismo.
O fato sinaliza a busca de um modelo de gestão que possa garantir auto-sustentabilidade ao Autódromo de Interlagos em um curto espaço de tempo. Este modelo resultou na renovação do contrato entre a FIA e a cidade de São Paulo, que, conseqüentemente, garantiu que a prova aconteça em São Paulo até 2014.
Além da importância para o automobilismo nacional, a Prefeitura de São Paulo tem outros grandes motivos para investir anualmente no GP Brasil de Fórmula 1, como o crescimento na arrecadação de ISS e a geração de postos de trabalho e renda para a cidade com o turismo. O Autódromo recebe, nos três dias do evento, cerca de 140 mil pessoas, entre o público da capital paulista e os visitantes, sejam eles de outras cidades, Estados ou países. A expectativa é de 85 mil turistas, que terão um gasto médio diário de R$ 614,97.
Toda esta magnitude gera pelo menos 15 mil empregos diretos e indiretos em São Paulo, além de uma renda estimada para 2008 de R$ 230 milhões, um número 15% superior ao registrado no ano passado.
Comentários