Apesar da baixa letalidade do COVID 19, o Coronavírus provoca severos impactos na cadeia produtiva do setor de eventos.
Eventos cancelados, outros adiados (alguns já em montagem), investidores (patrocinadores e inscritos) pedindo devolução do recurso. Porém nem todo o dinheiro está disponível, afinal para realizar um evento diversas são as despesas que precisam ser pagas previamente.
Somos um dos setores mais impactados mas também podemos ser aquele que mais rápido sairá dessa situação, comprovadamente não há nada mais efetivo para vendas que participar de eventos e tamanha retração não poderá durar muito tempo.
O impacto não está restrito aos eventos que acontecem nesse primeiro semestre, lembro que é por volta desse período que expira o período de submissão de trabalhos técnicos para os congressos internacionais, sem a certeza de conseguir viajar para apresentar muitos não enviarão. Pode haver redução do número de inscritos.
Serão muitos os eventos no segundo semestre de 2020, a estratégia terá que prevalecer, dividirão agendas.
Fui chamado por vários que atuam nesse setor para me pronunciar, infelizmente não há como recomendar nada com segurança nesse momento, as notícias são diárias e mudam a cada instante. Não sabemos o que pode acontecer amanhã e muito menos quando tudo isso acabará.
Vivemos num Mundo que se comprova cada vez mais global.
Agências e toda cadeia produtiva enfrentarão dificuldades diante o tamanho do recuo do mercado neste primeiro semestre, justamente no ano que todos se preparavam para o aquecimento dele.
Haverá downsizing e nunca mais as agências terão o mesmo número de funcionários, aprenderão uma nova forma de trabalho, se redesenharão a partir do melhor uso da Tecnologia. Quero dizer com isso que esse mercado que já contava com empresas de médio e pequeno porte em sua maioria tende a encolher ainda mais.
Muitos profissionais já treinados serão colocados a disposição no mercado, trabalhamos bastante com freelancers que correm o risco de ficarem sem jobs por meses, isso pode gerar a migração para outros setores ou esses criarão negócio formais ou informais. Que continuem por aqui e se tornem empreendedores formais.
Está em teste a honestidade e a coerência de todos, pois não há culpados para tal crise, o setor precisa se unir, dar as mãos, entender a importância de vivermos em rede, de nos comprovarmos unidos e fortes e continuarmos a caminhar. Muito mais que contratos, que prevaleça o bom senso.
Em momentos de retração, é hora também de resenhar estratégias, entender o que somos e o que desejamos ser, fazer os ajustes e trilhar o bom caminho.
Se estudos apontam que pelo menos 50% das profissões do futuro ainda sequer foram criadas, chegou a hora de cria-las no nosso setor, pode haver oportunidades incríveis.
O mercado de eventos depende de pessoas, temos grandes personalidades que se dizem cansados de tamanha oscilação, alguns brilhantes já seguiram para outras vidas profissionais. Para que o mercado não fique menos inteligente é fundamental que surjam novas lideranças com a generosidade daqueles que tanto nos ensinaram, que não olhem puramente para si, para seus negócios, mas sim para todo mercado.
Considerando todos os investimentos feitos para que um evento aconteça, tanto pelos promotores, quanto por patrocinadores / expositores e também pelos inscritos será enorme o impacto nas cidades. Além da questão financeira não podemos deixar de mencionar toda inspiração que circula dentro de um evento e que transborda para a população do destino.
Apesar do cenário negativo, essa pode ser uma grande oportunidade de comprovarmos o valor do setor que atuamos, somos pouco ouvidos pois ainda não nos organizamos, nos dividimos dentro das especialidades e não dedicamos tempo a comprovar a relevância do que fazemos, comprovando números, impostos e empregos gerados. Estamos sendo operacionais quando precisamos nos comprovar estratégicos.
Chegou a hora de transformar eventos em ciência exata e não mais somente ciência humana.
Fomentar políticas públicas integradas e convergentes para o setor de eventos é fundamental. Estamos no Turismo quando na minha opinião somos fomentadores desse setor, eventos desenvolvem países, estados, cidades e regiões, deveríamos olhar mais para as pastas ligadas a economia, desenvolvimento, indústria e infraestrutura. É lá que está o dinheiro que pode alavancar o setor de eventos neste momento tão difícil.
Sabedoria para enfrentarmos tamanho desafio e união para sairmos juntos e o mais rápido possível.
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