Em 2012, o Panorama já havia registrado uma redução na taxa de ocupação (-4,1%), mas naquele ano ainda houve espaço para os hoteleiros aumentarem as tarifas (7,7%), o que manteve a variação do RevPAR positiva (3,5%). Porém, no ano passado, os hoteleiros não conseguiram subir os preços e foi observada a primeira queda de receita dos hotéis nos últimos anos. A pressão sobre o aumento dos custos se manteve, especialmente da folha salarial, o que fez com que, em alguns casos, ativos hoteleiros perdessem valor de mercado.
Apesar do baixo crescimento econômico nos últimos anos, que tem afetado negativamente a demanda por hotéis, o Panorama mostra que as taxas de ocupação nos principais mercados permanecem em patamares ainda saudáveis, com índices acima de 63%. Essas taxas garantem um lucro operacional atrativo. “Em 2014 as condições do mercado permanecem desafiadoras, pois a economia continua andando em um ritmo modesto. Porém, as perspectivas para o setor hoteleiro nos próximos anos são bastante positivas, pois haverá crescimento da demanda, aumento nas taxas de ocupação e recomposição das tarifas. O aumento na oferta de quartos também deve desacelerar, diminuindo a pressão sobre as taxas de ocupação e na rentabilidade dos empreendimentos”, afirma Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest e managing-director da HVS South America.
O ritmo de recuperação vai depender das características de cada mercado. Na cidade de São Paulo não há previsão de grandes inaugurações de hotéis, o que favorece o aumento mais acelerado das taxas de ocupação, diárias médias e RevPAR. No Rio de Janeiro, os novos empreendimentos que estão sendo construídos no Centro e na Zona Sul devem ser absorvidos pelo crescimento na demanda, que deve permanecer em níveis altos. Vale ressaltar que a Barra da Tijuca tem uma dinâmica distinta das outras regiões da cidade, com risco de superoferta de quartos.
Em Curitiba, a inaugurações de novos hotéis não deve afetar negativamente as taxas de ocupação no curto prazo e há margem para reajuste nas tarifas. Porto Alegre teve queda acentuada na demanda no ano passado, reflexo do resultado acima do esperado em 2012, o que elevou demasiadamente a base de referência de comparação. A partir de 2015 deve haver recuperação nas taxas de ocupação da capital gaúcha, que ainda estão em patamares razoáveis.
Salvador sofre os efeitos do acesso de novos hotéis nos últimos dois anos, que fez com que as taxas de ocupação ficassem abaixo dos 55%, pressionando também a uma redução geral nas tarifas. Há novos empreendimentos entrando em operação este ano, mas com crescimento vigoroso na demanda, que tem registrado índices acima das outras capitais, a previsão é de acomodação do mercado e recuperação dos índices operacionais a partir de 2015.
A situação de Belo Horizonte é a mais preocupante entre as capitais acompanhadas pelo Panorama. Nos próximos dois anos a oferta de quartos de hotéis deve praticamente dobrar, o que irá derrubar as taxas de ocupação a níveis abaixo de 50%. Com maior competição no mercado, as tarifas também deverão ser reduzidas, impactando negativamente o resultado operacional dos hotéis. A previsão para a capital mineira é de início de recuperação nas taxas de ocupação somente após 2016.
Dados do Panorama
O Panorama da Hotelaria Brasileira pesquisou os mercados de seis capitais: Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. As informações são produzidas com base no desempenho comercial de 27.963 unidades habitacionais e contêm os principais empreendimentos de cada segmento e cada cidade. As comparações anuais usam a mesma base amostral em toda a série histórica, exceto quando há novas aberturas ou mudanças significativas de segmentação. O plano amostral é estatisticamente significativo e reflete as tendências e evoluções dos respectivos mercados. Os índices apresentados no Panorama são reais, já descontada a inflação do período. Para fazer o download da pesquisa Panorama da Hotelaria Brasileira acesse o link:
http://www.hotelinvest.com.br/panorama/20132014
São Paulo – O mercado de São Paulo, fortemente influenciado pelo cenário econômico nacional, teve queda de 2,3% na demanda hoteleira em 2013. No ano anterior, a queda de demanda havia sido ainda maior (-4,6%), mas os hoteleiros haviam conseguido manter a rentabilidade dos hotéis com ajuste vigoroso nas tarifas (11,5%). Entretanto, em 2013 não houve margem para novos aumentos das diárias, que permaneceram praticamente estáveis (0,3%). Isso fez com que o RevPAR registrasse uma retração de 2,6%.
Rio de Janeiro – Assim como no último ano, a demanda no Rio de Janeiro continuou crescendo (3,6%), impulsionada pelos grandes eventos realizados na cidade. Porém, houve queda na taxa de ocupação (-1,5%) devido à inauguração de um hotel em Botafogo. Os hotéis subiram levemente as diárias (0,6%), o que resultou em uma variação de RevPAR negativa (-0,9%).
Belo Horizonte – A Copa das Confederações, realizada em junho, teve reflexo positivo na demanda em Belo Horizonte, que cresceu 2,9%. Porém, com a abertura de novos hotéis (aumento de 5,1% na oferta de quartos) a taxa de ocupação acabou registrando queda de 2,1% e as diárias foram reduzidas em 4,7%. Assim, o RevPAR registrou variação negativa (-6,7%).
Curitiba – Curitiba foi a capital que registrou o melhor desempenho em 2013. Não houve aumento significativo na oferta de quartos (-0,6%), enquanto a demanda cresceu 1,6%, o que resultou no aumento da taxa de ocupação (2,3%). Dessa forma, foi possível elevar a diária média (2,8%) e a variação de RevPAR foi positiva (5,2%).
Porto Alegre – A capital gaúcha foi a cidade com a maior queda de RevPAR (-9,3%). Houve uma forte queda na demanda hoteleira (-5,7%), o que resultou em variação negativa na taxa de ocupação (-5,5%) e na diária média (-4,0%). Essa forte oscilação é reflexo dos bons resultados dos hotéis de Porto Alegre em 2012, que gerou certa distorção na base de comparação.
Salvador – Salvador registrou o maior crescimento de demanda hoteleira entre as cidades analisadas pelo Panorama, (6,5%). Por outro lado, o crescimento de oferta foi ainda maior (14%), o que levou a uma queda de ocupação (-6,5%). O acirramento da competição fez com que os hoteleiros reduzissem suas diárias em 1,9%. Como resultado, o RevPAR teve queda expressiva (-8,3%). A queda de diária só não foi maior devido à realização da Copa das Confederações, em junho.
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