Um dos ícones da rede hoteleira paulistana, o Othon Classic, no centro velho de São Paulo, fechou suas portas após 54 anos de atividade. O hotel, um dos quatro-estrelas mais badalados da cidade, enfrentou a migração dos hóspedes para unidades na região das Avenidas Paulista e Engenheiro Luís Carlos Berrini. Agora, a torre de 25 andares vizinha à Praça do Patriarca e ao Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura, será colocada à venda por cerca de R$ 25 milhões. "A localização é privilegiada, tem um bom apelo comercial", disse Álvaro Brito Bezerra de Mello, presidente da Rede Othon no Brasil e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih).
Para procurar salvá-lo, o escritório central, no Rio, tentou de tudo: baixou o padrão, reduziu as tarifas e, por fim, passou a funcionar com apenas metade de seus 260 apartamentos. "A unidade operou no vermelho, tendo de ser socorrida pelos outros hotéis da rede. Chega uma hora que você tem de ser realista. Não somos como o Copacabana Palace. O hotel estava morrendo, não dava mais para financiar aquela situação. Foi quando resolvemos fechar",relembra o proprietário.
Os cerca de cem funcionários tiveram de ser dispensados por falta de vagas nos outros três empreendimentos da rede na capital- dois nos Jardins e um no Brooklin. As obrigações trabalhistas, segundo Mello, foram integralmente cumpridas e alguns já conseguiram se recolocar no mercado. "Fizemos uma bela festa, relembramos os velhos tempos e choramos muito ao nos despedirmos", contou o dono do hotel.
A história do Othon Classic está intimamente ligada à cidade. Inaugurado em 1954 durante as festas do 4º Centenário, abrigava no último andar um dos mais luxuosos restaurantes da capital, o Chalet Suisse (Chalé Suíço), com vista deslumbrante para o Vale do Anhangabaú. A última vez em que o lobby do hotel ficou cheio foi durante o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 deste ano, realizado entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro. As portas do número 190 da Rua Líbero Badaró foram definitivamente fechadas na segunda-feira seguinte à corrida, dia 3.
Mesmo chateado, Mello considera normal o fechamento da unidade. "As cidades comerciais se movem muito rapidamente. São Paulo, assim como Nova York, tem essa tendência de se expandir para o sul", avalia. "O que era bom há 20, 30 anos hoje já não é mais. Mesmo os hotéis da região da Paulista já não trabalham tão bem quanto antes. A bola da vez é a Berrini", disse o presidente da Abih, referindo-se à avenida que corta o Brooklin, na zona sul. Por enquanto, diz ele, a rede hoteleira do País ainda não sentiu qualquer reflexo da crise econômica global. "Viajar para o exterior ficou mais caro e muita gente deve ficar por aqui. Até o carnaval não devemos sentir qualquer efeito da crise".
Fonte: O Globo
(JA)
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