Desde que os movimentos de rua eclodiram procura-se o mal feito em todos os atos do Governo. O repórter Nelson de Barros Neto, da sucursal baiana do jornal paulista, fala a verdade, no entanto dando a conotação de que um crime estaria sendo praticado, o que não é verdade. Esse é um dos casos em que a verdade encobre a mentira.
Em seu titulo, “Palco do sorteio da Copa do Mundo custará R$14 milhões”, o repórter dá a entender que se estaria cometendo o desatino de desperdiçar milhões na construção de um simples palco para um dos eventos da Copa.
No primeiro parágrafo, diz Barros, “o maior fundo de pensão do país vai gastar R$14 milhões para construir o palco do sorteio dos grupos da Copa de 2014, marcado para 6 de dezembro, na Bahia” (grifo nosso).
O uso de uma palavra de duplo sentido no titulo e na abertura da matéria demonstra a má-fé do repórter. Neste contexto, aquele que a maioria dos leitores leem e aquele que sistemas de clipagem eletrônica captam, a palavra “palco” dava a entender que a Previ estaria gastando milhões para construir um simples palco, não um dos maiores centros de convenções do país (ver fotos abaixo). Somente no final da matéria (9º paragrafo), em três linhas, o repórter menciona tratar-se de uma obra bem mais complexa do que um mero palco.
Infelizmente o repórter parece não saber a diferença entre gastar e investir, pois o que a Previ está fazendo na Costa do Sauipe é um investimento e o repórter poderia deduzir isso, pois no parágrafo seguinte diz que “encerrada a Copa das Confederações, trata-se do próximo evento da Fifa no Brasil, com uma audiência estimada em 2 bilhões de pessoas no mundo” (grifo nosso).
Como noticia ruim corre logo e quem conta um conto aumento um cento, a noticia se espalhou, já havendo blogs afirmando que “Dona Dilma não entendeu nada das manifestações: Palco do sorteio da Copa do Mundo custará R$ 14 milhões”. Como se pode ver o Blog do Paulo Vergueiro misturou alhos com bugalhos.
Vamos aos fatos!
O trinômio Turismo/Eventos/Entretenimento é responsável por cerca de 20% dos empregos no mundo. No Brasil, ainda menos de 10%. Uma das principais causas é a falta de espaços para realização de eventos no país. Tida como a Capital dos Eventos, quem quer fazer um evento médio ou grande em São Paulo, sabe das enormes dificuldades que encontrará. Se for mega, esquece, pois o Brasil não tem nenhum espaço listado entre os 100 maiores do mundo. O maior de São Paulo ocupa o 142º lugar, o do Rio de Janeiro, a 105ª colocação. Muito se tem propagado que o Brasil é o 7º colocado no Ranking da ICCA dos países que mais recebem eventos internacionais. Mas, não se fala que é o 9º colocado no Ranking da mesma ICCA considerando a quantidade de participantes e o 13º se levado em conta a média de participantes por evento. Ou seja, temos que fazer muito mais eventos, para receber muito menos participantes.
É neste contexto que se insere a iniciativa da Previ de prover o maior complexo hoteleiro do país de um centro de convenções com capacidade para 3.500 pessoas sentadas. Se crítica houvesse, seria que ele deveria ser muito maior. Infelizmente, no Brasil pensa-se pequeno. Maiores que o centro de Sauipe e todos os demais do Brasil, o México e a Austrália têm oito centros; a África do Sul, quatro; a Coréa, Portugal e a Malásia, dois; Porto Rico, Republica Dominicana, Indonésia, Filipinas, Sri Lanka, Índia, Nova Zelândia e Turquia também têm centros de convenções que superam o de Sauipe.
O projeto de construir um centro de convenções em Sauipe vem sendo gestado há anos e a determinação de realizar data de cerca de dois anos e foi tomada independente da possibilidade do sorteio da Copa ser realizado na Bahia ou alhures. Com a garantia de ter um local adequado para realizar o evento, o Governo da Bahia trabalhou para que o Sorteio fosse realizado na Terra de Jorge Amado, no que fez muito bem. Pois esta é a função do Governo: trabalhar para que dois bilhões de pessoas em todo mundo estejam focadas na Bahia em dezembro no “momento em que as 32 seleções classificadas conhecerão seus adversários e caminhos até a final, no Rio”, como o mesmo Nelson de Barros escreveu.
P/S – CENTRO DE CONVENÇÕES TERIA EVITADO MORTE E FERIDOS NO DESASTRE DO BRADESCO
Em mais um viés negativo, o repórter baiano lembra o desastre ocorrido com o Bradesco. Na verdade, o ocorrido demonstra o acerto da construção da Arena Sauipe. Único complexo no Brasil capacitado a hospedar a convenção para 3.500 funcionários do banco, Sauipe não possuía um espaço para eventos capaz de reuni-los, o que obrigou o Bradesco a encomendar no exterior a tenda que desabou. Já estive pronta a Arena Sauipe, o desastre não teria ocorrido, evitando meia centena de feridos e uma morte.
COMENTÁRIOS NA REDE
- GRUPO - Profissionais de Marketing
Pode ser que a reportagem tenha deturpado um pouco a realidade. Concordo que o repórter não foi feliz nas suas palavras. Mas também não acredito que este seja o ponto chave da insatisfação mostrada por todo o Brasil nas suas manifestações, sejam estas na rua ou via net. Também não acredito que o nosso povo brasileiro seja contra a realização dos eventos da Fifa em nosso solo. Pelo contrário, o brasileiro é um apaixonado pelo futebol. Porém o que se reclama das autoridades do nosso país, é - em resumo - a corrupção governamental e a falta de apoio ao povo. Hoje, as obras de estádios e de infraestruturas já se multiplicaram em relação ao preço proposto. E os governantes continuam a gozar de seus privilégios em transportar gratuitamente os seus familiares, enquanto o povo nem tem chance de ter um transporte coletivo adequado. Acho, sim, que estes são os pontos primordiais.
por Sergio Korytowski
- GRUPO - Marketeiros de Turismo
Um investimento tem que ser realizado a luz de duas condições básicas, relevância e retorno. Como falar em relevância destes investimentos na Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, quando, saúde, segurança e educação tem "investimentos" negativos, que foram postergados investimentos nestas áreas para direcioná-los aos eventos mencionados? Ou seja, o povo foi postergado para satisfazer a megalomania dos governantes, aliás, exemplos de megalomanias de governantes, a história relata dezenas, centenas...e o resultado de todos eles foram sofrimento para os povos. a lista é enorme, custos materiais, em vidas e em sofrimento. Urna é para expressar a vontade de melhorias, para as outras funções, fisiológicas, o container é outro!! Ah..por falar em retorno de investimento, já estão acontecendo.. na educação, na saúde, na infraestrutura.. essa então "Meu Deus"!! Falta capacidade, competência, e principalmente, preparo para a função pública de nossos políticos, irrelevante escolher ou designar qual o pior!...abaixo de péssimo, é tudo igual. ir para rua protestar depois do mal feito... quebrar, agredir.. quem vai pagar estas destruições é o próprio povo. Alguns pagam duas vezes, a depredação do patrimônio público e os saques e destruições do patrimônio particular. Os políticos foram escolhidos para os respectivos cargos públicos eletivos, em pleitos regulares, livres e soberanos, agora... não adianta "chiar" da próxima vez que forem as urnas, exercer o soberano direito do voto, confiram a "plaqueta" de identificação... se você tiver na dúvida, se não consegue distinguir entre urna e latrina...vote em branco!!
por Marco Aurélio Basso dos Santos
Sérgio, boa a sua matéria do Sauipe. Tenho uma ida ao destino para conhecer de perto esse projeto e seu detalhamento ainda não confirmado. No entanto penso que a construção de espaços desse porte em regiões com deficiências de aéreo e locomoção pelas distâncias dos aeroportos pode ser um grande complicador como você sabe e pelos exemplos que temos. Penso também que a nova administração deve estar fazendo um trabalho mais objetivo e direcionado para eventos o que não acontecia na anterior. O ultimo grupo que tive noticias ter ido para lá era formado basicamente por agencias de turismo com uns poucos organizadores de eventos, mostrando o foco do empreendimento ou a visão de seus gestores. Quem sabe agora essa visão esteja mudando. Quanto ao investimento realizado, penso ainda que o cálculo do ROI deva estar bem fundamentado no projeto para que ele traga os resultados esperados por eles e por nós. Vamos torcer para que isso aconteça. Agora se foi ignorância, preconceito ou demagogia do repórter só perguntando para ele.
José Eduardo de Souza Rodrigues
________________________________________________________________
04/07/2013 - 03h09Palco do sorteio da Copa do Mundo custará R$ 14 milhões
NELSON BARROS NETO - DE SALVADOR
O maior fundo de pensão do país vai gastar R$ 14 milhões para construir o palco do sorteio dos grupos da Copa de 2014, marcado para 6 de dezembro, na Bahia.
Encerrada a Copa das Confederações, trata-se do próximo evento da Fifa no Brasil, com uma audiência estimada em 2 bilhões de pessoas no mundo pela entidade.
Será o momento em que as 32 seleções classificadas conhecerão seus adversários e caminhos até a final, no Rio.
Escolhido em março, o complexo hoteleiro da Costa do Sauipe, a 76 km de Salvador, vai receber o sorteio na chamada Arena Sauipe. O investimento é da Previ - fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil -, única acionista do resort.
A ideia é aproveitar a oportunidade para contar com um espaço permanente de eventos no local, situado no município de Mata de São João, litoral norte baiano e também sede de vilas turísticas como Praia do Forte e Imbassaí.
Há quatro meses, uma estrutura provisória que vinha sendo erguida para abrigar um encontro regional de gerentes do Bradesco desabou, matando um operário e deixando outros 49 feridos.
"É a primeira vez que a Fifa faz um evento dessa magnitude numa área como a nossa, que não é pública. Nossa responsabilidade é muito grande", diz Guilherme Martini, diretor-presidente da Costa do Sauipe.
Procurada, a Previ não se manifestou sobre o assunto.
A Arena tem inauguração prevista para 24 de agosto, a tempo de promover testes. Haverá um salão principal de 2.400 metros quadrados, com capacidade para 3.500 pessoas sentadas ou 6.000 em pé, em shows. As obras têm sido executadas pela mineira Flex Engenharia.
Por causa do sorteio, os cinco hotéis e as cinco pousadas de Sauipe já recebem decorações temáticas sob o título "O hexa começa aqui", referência à busca da seleção pelo sexto título mundial.
A Folha apurou que a escolha da Bahia é uma espécie de compensação a pedidos negados ao governo Jaques Wagner (PT) para ficar com o jogo de abertura ou de um jogo com o time tendo sido o primeiro do seu grupo.
Idealizado pela construtora Odebrecht, no início da década de 1990, o complexo foi aberto em 2000 e passou por uma reformulação no modelo de negócio em 2010, com a saída das redes estrangeiras Sofitel, Marriott e SuperClubs e Pestana da operação.
Desde então, todos os seus 1.564 quartos são administrados de maneira 100% nacional pela Sauipe S/A, que é controlada pela Previ.
Comentários