SEM EVENTOS, O TURISMO NÃO TEM DESTINO.
“Elimine a causa e o efeito cessa”.
Miguel de Cervantes
Premissas
Apesar de meus pensamentos e atitudes serem mais para o conservadorismo do que para o progressismo, não sou radical. Minha única ideologia é a Ideologia do Marketing que pratico há 67 anos, modéstia às favas, com amplo sucesso. Isso é importante ter em mente nestes momentos entre políticos radicais, progressistas ou conservadores. Os dois lados, quando verdadeiros e com honestidade de propósitos, merecem o meu respeito às suas causas. O que merece todo o meu repúdio radical, são os militantes mercenários travestidos de ideologistas que não têm qualquer ideologia a não ser a de “levar vantagem em tudo”.
Um outro ponto que necessita ser observado é que sou totalmente favorável à Indústria do Turismo. Ela é de fundamental importância para um país movimentar culturalmente e como entretenimento a sua população além da criação de empregos e, internacionalmente, gerar divisas.
SEM EVENTOS O TURISMO FICA SEM DESTINO.
-Pode isso, Arnaldo?
-Perfeitamente, as regras são claras!
Começo esta pequena reflexão sobre como determinar as prioridades de investimento de tempo e dinheiro em Eventos ou Turismo, citando três das várias manifestações de Confrades Acadêmicos em diversas ocasiões:
Na importante live ao Colégio Acadêmico da acadêmica Anya Ribeiro, o também acadêmico Armando Campos Mello, observou que, enquanto o Turismo não tiver uma definição clara e precisa, terá dificuldades de estabelecer seu mercado, seus financiamentos e sua área de atuação;
Em outra live, do saudoso acadêmico Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR na época, cujo tema foi: “A retomada dos eventos e a aviação”, citando claramente o evento como causa;
E o acadêmico Milton Zuanazzi, no Grupo no WhatsApp “Academia Oficial”, nos brinda: “E os nossos produtos turísticos ofertados no mercado precisam ser repensados, já que a distância nos tira competitividade, especialmente, no sol e praia... onde está o buraco da agulha que deveríamos fazer esforços imensos, seria em desenvolvermos novos produtos para os 20%, que viajam além das 05 horas e reforçarmos uma grande política de captação de eventos...”
A partir dessas três valiosas citações, que resumem centenas de outras de igual sentido e observações do mercado de Eventos e Turismo, podemos afirmar, para basear estas reflexões que:
EVENTO É A CAUSA, TURISMO É O EFEITO
Sabemos que Marketing é Foco. Marketing precisa ser absolutamente focado, para poder se comunicar sem ruídos e sua mensagem ser entendida pelas pessoas exatamente como queremos. Para isso precisa estar permanentemente focado no Consumidor, no Mercado, na Mídia, no Posicionamento e com uma imagem única em todos os meios e momentos.
Cumprindo essa exigência do marketing, desenvolvemos nossa definição de Evento e Turismo, afim de poder ponderar o porquê um é causa e o outro efeito, desvinculada totalmente de outras definições acadêmicas ou filosóficas:
Evento é toda manifestação, natural ou não, que possa ser atrativa a determinados consumidores.
Turismo é todo esforço ou ação com o objetivo de assistir, deslocar, hospedar e alimentar determinado consumidor de e para um evento.
Por incrível que possa parecer, diante da complexidade que Evento e Turismo apresentam, diagnosticar quais seus principais problemas e oportunidades, é absolutamente tranquilo.
É praticamente unânime, nos setores, que os principais problemas são:
- Infraestrutura de transportes e portuária
- Impostos
- Segurança
- Mão de obra
- Saúde e higiene
- Falta de financiamento
- Problemas estruturais
- Manchetes negativas na mídia / imagem
- Falta de planejamento e estratégia de MKT
- E, além de tudo, “viajar para e no Brasil não é barato”.
Note que praticamente todos os itens são referentes a Eventos e que impactam no Turismo e na Marca Brasil.
Portanto, me parece, sem sombra de dúvidas que a prioridade de investimento deve ser feita em Evento.
EVENTO FORTE GERA TURISMO FORTE
Evento bem estudado e focado no consumidor e no mercado gera automaticamente Turismo de forma mais rentável e com melhor custo benefício, o tal de ROI. E agrega valores à Marca Brasil.
Tomemos como exemplo, uma grande Rede de Televisão.
Você não assiste a Rede Globo. Você assiste às suas novelas (evento), suas transmissões esportivas (evento), seus shows (evento).
A marca Rede Globo é valorizada, e valorada, pela audiência que seus eventos propiciam. Dessa forma, todos os eventos da Rede Globo, são exaustivamente estudados e analisados de acordo com os preceitos de marketing, considerando o público, o mercado e os patrocinadores. Cada novela é adequada ao horário em que é exibida, considerando, principalmente o público daquele horário. Cada evento/novela é acompanhado e avaliado permanentemente podendo sofrer alterações conforme posição do telespectador. E tem isso tudo documentado e com números precisos e confiáveis: quem é esse telespectador, onde ele está, qual sua posição socioeconômica, a que patrocinadores e anunciantes podem interessar etc., etc., etc.
Por isso ela investe verdadeiras fortunas nos seus eventos. Gasta bilhões na captação e compra de direitos de eventos esportivos e tem uma grade de programação estruturada de forma que um evento sustenta o próximo.
As campanhas de propaganda da própria Rede Globo, são feitas em cima de seus eventos!!! E só após os eventos estarem devidamente estruturados e no ar.
Imagine se o Evento e Turismo, brasileiro, utilizar essa estratégia de formatar seus eventos de acordo com o mercado objetivado, consumidores e patrocinadores. Fazendo investimentos baseados na premissa de que é o Evento que gera Turismo. E que não adianta fazer propaganda e promoção se não tiver eventos devidamente analisados, formatados e desejados.
Finalizando, podemos afirmar que ser causa ou efeito não quer dizer que um dos segmentos seja mais ou menos importante do que o outro. Apenas que deve ter uma ordem e prioridade de investimentos.
Portanto, nos parece que a frase correta é:
O turismo vive de eventos. E os eventos sobrevivem do turismo.
É mais lógico desenvolver o Turismo, desenvolvendo e fortalecendo os eventos.
O grande e maior investimento público deve ser no Evento/Destino. Com grandes e pujantes eventos e destinos a indústria privada do Turismo acontece automaticamente, com transporte, hotelaria, serviços, gastronomia e todas as centenas de atividades que compõe o segmento.
ROTEIRO BÁSICO PARA DESENVOLVER EVENTOS/DESTINOS PERENES E AUTOSSUSTENTÁVEIS
- Qual consumidor é mais interessante?
- Qual a vocação turística do Brasil e das suas cidades?
- Quais destinos, eventos, produtos oferecer prioritariamente?
- Quais as prioridades do Brasil no turismo interno e externo?
- Quais financiamentos serão prioritários?
- Quais as prioridades por região geográfica?
Para o Turismo Brasil crescer e aproveitar toda a sua potencialidade, sugiro:
- Estabelecer objetivos claros e consistentes;
- Determinar a vocação de cada cidade ou região (cluster);
- Identificar os consumidores mais rentáveis;
- Localizar os mercados onde estão esses consumidores;
- Selecionar dentro das regiões os produtos mais aptos a serem propagados e comercializados;
- Financiar os projetos, destinos e produtos prioritários;
- Criar um símbolo de marca que identifique o Turismo Brasil de forma emocional.
- Manter permanentemente esse símbolo e estratégia de marketing para construir e solidificar marca;
- Criar e veicular campanhas de propaganda, promoções, merchandising
- Mensurar e avaliar periodicamente e a cada campanha
A Academia Brasileira de Eventos e Turismo, através de seus Acadêmicos, com um magnífico cabedal de conhecimentos, pode apoiar o Turismo Brasil para alcançar seu crescimento de forma perene.
Entendo que, nos conceitos de Marketing, o Evento é o Produto, portando ele gera o Consumidor que, por sua vez, gera as atividades de Turismo que gera crescimento do Evento.
Os dois, somados, têm a mesma importância no resultado final.
*José Estevão Cocco, Um dos pioneiros do Marketing Esportivo no Brasil, é idealizador e presidente do Projeto Pro2014. É presidente da J.Cocco Sport Marketing e da J.Cocco Comunicação e Marketing. É presidente da AbraEsporte – Academia Brasileira de Marketing Esportivo, e titular da Cadeira 08 da Academia Brasileira de Marketing e ainda é titular da cadeira 29 da Academia Brasieira de Eventos e Turismo.
Comentários