Representantes do setor turístico da capital gaúcha aprovaram a construção de um centro de eventos na cidade de Porto Alegre. Aliás, a demanda antiga vem sendo confirmada por meio de encontros e reuniões feitos nos últimos meses envolvendo lideranças do trade local e os governos estadual e municipal. Sempre com o foco voltado para a necessidade de um equipamento na capital gaúcha, e não em outra cidade próxima.
O Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), por exemplo, promoveu uma reunião-almoço na sede da entidade, com a presença do presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Thiago Duarte, acompanhado de 19 dos 36 vereadores. Recentemente, um café-da-manhã com a presença da secretária de Turismo do Rio Grande do Sul, Abgail Pereira, teve por objetivo promover o esclarecimento sobre a localização do equipamento.
Como resultado do encontro foi criado de imediato um comitê em defesa da capital como o local para construção do Centro de Eventos do Rio Grande do Sul. “Porto Alegre é a capital de todos os gaúchos e não vemos razão para que a construção desta obra seja realizada em outra localidade” ressaltou na ocasião o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre, José de Jesus Santos.
Como lembrou a Revista Eventos em editorial no começo do ano, a maior disponibilidade de formas de acomodação, de alternativas de lazer e de cultura, deve ser preponderante na escolha para um evento, além da própria estrutura do local, e estes são argumentos fortes a favor de Porto Alegre. A superoferta na rede hoteleira, que, até 2015, terá mais 16 empreendimentos preocupa o setor. “A taxa de ocupação vem caindo a cada ano e apenas com o crescimento da demanda é que poderemos superar essa crise”, destacou o presidente do Sindicato dos Hotéis de Porto Alegre, Daniel Antoniolli.
Representantes da hotelaria não só defendem a cidade, como apontam preferências de local para a construção do equipamento. Presidente da ABIH/RS, José Reinaldo Ritter é a favor da utilização do terreno ao lado da Fiergs. “Não sei as condições exatas desta área. Por vezes é preciso fazer terraplanagem. Mas existem ainda outras alternativas como a extensão do estádio da Beira-Rio e dentro da Arena do Grêmio. Na Avenida Bento Gonçalves existe o problema de acesso. A partir de agora, temos de trabalhar a este respeito”, disse ele.
Reinaldo questiona a construção em Esteio – local de preferência da secretaria estadual de turismo – devido ao congestionamento diário na BR- 116. “A única forma de chegar até o município é usando o Trensurb. Outra alternativa é a Rodovia do Parque, que só estará finalizada bem mais tarde. Mas o centro de eventos ficaria longe de alternativas de acomodação, e equipamentos desta natureza exigem a presença de empreendimentos hoteleiros em um perímetro muito próximo”, opina ele.
Já o presidente do Sindihotel, Manuel Suárez acredita que a construção de mais um equipamento, em Esteio, é uma alternativa válida, e um não inviabiliza o outro. “Quantos mais centros de eventos melhor. Depois da Copa do Mundo teremos um alto índice de ociosidade na ocupação hoteleira”. Suárez fala ainda que o problema poderia ser resolvido com quantidade de eventos, e não com seu tamanho. “O ideal seriam os de pequeno e médio porte, movimentando um grande número de pessoas. Porém, para que o projeto saia do papel é preciso que o terreno esteja disponível”, diz ele.
Consultoria internacional
Em algumas épocas do ano, constata o vice-presidente do Porto Alegre & Região Metropolitana Convention & Visitors Bureau, Ricardo Ritter, as estruturas existentes na capital gaúcha já estão ocupadas. Para confirmar não só a demanda, como a melhor localização, a entidade contratou os serviços de uma consultoria internacional em 2011, sob a responsabilidade do uruguaio Arnaldo Nardone, atualmente presidente da ICCA. “Foi mapeado que o melhor local para o centro de eventos seria ao lado do Aeroporto Internacional Salgado Filho”, disse ele.
Ricardo reforçou o desejo maior da iniciativa privada: “O que a gente quer é que os governos municipal, estadual e federal entrem em um consenso e consulte o setor empresarial do turismo a fim de decidir a área para a construção do equipamento”, acrescentou. Em relação à verba de R$ 60 milhões ser ou não suficientes para a obra, segundo ele, vai depender do terreno. Se for mais plano, o custo é menor. Se a área tiver desnível ou em caso de verticalização, incluindo o estacionamento, o valor aplicado passa a ser maior.
Para o vice-presidente do POA Convention um centro de eventos moderno hoje deve abrigar várias outras atividades, além de congressos, feiras e reuniões. “É preciso ter comércio, serviços, hotelaria e vida o ano todo, com viabilidade econômica e sustentabilidade. Caso contrário, acaba por se transformar em um elefante branco, como a Expointer, que promove apenas dois eventos”, acrescenta Ricardo. “Por isto fica complicado ter um equipamento afastado dos grandes centros urbanos, pois ele deve ser um local de convivência”, completa.
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