A estimativa corresponde ao que o turismo deixou de arrecadar desde a segunda quinzena de março até o fim de julho, tendo como base informações das pesquisas conjunturais e estruturais do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos 16 principais aeroportos brasileiros.
O setor turístico está operando com apenas 14% da sua capacidade de geração de receita, disse o economista Fabio Bentes, responsável pelo estudo da CNC.
“O setor está até aberto, está funcionando em várias cidades”, observou Bentes. “Mas algumas empresas do ramo de hotelaria estão com ocupação de 5%, o ramo de alimentação só está menos pior porque tem o delivery, atende aos residentes.”
As perdas mensais de faturamento do turismo brasileiro cresceram de R$ 13,38 bilhões em março para R$ 36,94 bilhões em abril, até o pico de R$ 37,47 bilhões em maio. Houve melhora discreta desde então, descendo a R$ 34,18 bilhões em junho e R$ 31,87 bilhões em julho.
“Tem dois motivos por trás disso. O comportamento do consumidor mudou, ele está mais avesso a aglomeração, a entrar num avião, a ficar num quarto de hotel. E tem a crise como um todo. O orçamento do consumidor não comporta esse tipo de serviço neste momento”, justificou Bentes.
As atividades turísticas cresceram 19,8% em junho ante maio, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgados nesta quinta-feira, 13, pelo IBGE. Em dois meses de avanços, o setor acumulou um ganho de 28,1%, ainda insuficiente para recuperar a perda de 68,1% registrada em março e abril.
O segmento é o que está mais distante do nível de atividade do pré-pandemia, 59% aquém do patamar médio dos meses de janeiro e fevereiro, segundo Bentes.
“Não volta ao nível pré-pandemia pelo menos até 2023. Teria que crescer muito. Ao contrário de outras atividades que estão tendo recuperação em V, isso não acontece no setor de serviços, que está mais lento. Isso vai se refletir no PIB (Produto Interno Bruto), porque os serviços respondem pela maior parte da economia”, disse o economista da CNC.
Mais da metade do prejuízo do turismo na pandemia ficou concentrado nos Estados de São Paulo (R$ 55,31 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 22,20 bilhões). A CNC lembra que, no fim de julho, os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e do Galeão, no Rio, registravam quedas de 86% e 77%, respectivamente, no fluxo de aeronaves, em relação ao tráfego nas semanas imediatamente anteriores à decretação da pandemia de covid-19.
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