O segundo dia do Conotel - Congresso Nacional de Hotéis - começou com a apresentação de Vinícius Lummertz, secretário estadual de Viagens e Turismo de São Paulo. Seu painel teve como tema “A parceria público-privada na retomada dos negócios” e teve como destaque a apresentação do Plano 20-30 que pretende transformar São Paulo numa referência para o turismo em escala nacional e internacional. “O plano foi elaborado de forma colaborativa e procuramos unir as vocações turísticas do estado articuladas com o mercado para criar condições políticas e econômicas para viabilizar o uso de tecnologias na criação e divulgação de novos destinos turísticos, sempre buscando explorar o potencial de cada localidade”, explicou Lummertz.
Segundo o secretário de turismo de São Paulo, o país é um dos principais destinos de natureza do mundo e precisa internacionalizar seu turismo com o apoio das marcas relacionadas ao setor. “Para realizar todo o processo, é preciso estabelecer estratégias e objetivos para que se possa acompanhar o desempenho de cada uma das ações. A cidade de Olímpia em São Paulo é um exemplo disso. A região já conta com os parques Hopi Hari e Wet’n Wild e atrai cerca de dez milhões de visitantes por ano. Com os investimentos certos, ela pode se tornar a Orlando brasileira”, afirmou. Lummertz citou ainda a meta de transformar o centro da capital paulista em um grande museu de arquitetura.
O plano 20-30, apresentado pelo secretário de Turismo em seu painel, propõe ainda a inclusão de disciplinas eletivas relacionadas ao turismo no ensino fundamental e médio, iniciativa que já está em andamento. “Temos hoje cerca de 900 escolas que já aderiram à ideia e a expectativa é que a procura por esses cursos aumentem conforme forem mais divulgados para o público”, afirmou. Lummertz ressaltou também a campanha São Paulo para todos, lançada em 2019, que vem obtendo excelentes resultados na geração de empregos e promovendo ações de gastronomia, entretenimento e lazer.
A liberação dos cassinos em resorts e hotéis também foi abordada pelo secretário de Turismo e Viagens de São Paulo em seu painel. Lummertz defendeu a medida e apresentou exemplos de outros locais em que a atividade traz desenvolvimento para a região e seu entorno, incrementando principalmente a busca pela hotelaria da região. “O Brasil é um dos países que melhor controla suas finanças. Não há o que temer com relação a liberação dos cassinos. Temos que ter medo é do desemprego. Sua liberação trará investimentos para a região onde se instalará em vários setores”, afirmou.
O secretário de Viagens e Turismo de São Paulo apresentou ainda um panorama das ações da secretaria desenvolvidas desde 2019. “Podemos destacar algumas iniciativas importantes para o setor como o lançamento do programa SP Para Todos, a privatização de aeroportos e a ampliação da malha aérea, a geração de quase 10 mil empregos no setor turístico, o Programa de Crédito Turístico, a redução do ICMS para as companhia aéreas, além da criação de estratégias no combate aos efeitos negativos da pandemia de covid-19”, finalizou.
Eduardo Faraco aborda em seu painel o impacto da pandemia e analisa como está a recuperação no setor de hotelaria
A apresentação de Eduardo Faraco, sócio-diretor da Faraco Consultoria, encerrou as atividades no segundo dia de Conotel. Com o tema “Crescendo em tempos de crise: a hotelaria em foco”, o painel fez um balanço dos últimos dois anos no setor de hospedagem, desde que a pandemia de Covid-19 começou a se disseminar pelo mundo. “A partir de março de 2020, quando a OMS – Organização Mundial de Saúde – decretou que estávamos diante de uma pandemia mundial, o setor de turismo já perdeu cerca de 20 milhões de empregos no mundo. No Brasil, os prejuízos chegam a R $122 bilhões de reais”, afirmou.
Farraco explicou que ao pesquisar para a palestra descobriu que o incidente mais recente que afetou tão radicalmente o turismo foi o 11 de setembro de 2001, nos EUA. “Os ataques às torres gêmeas causaram um colapso na aviação e, consequentemente, no turismo mundial. Já a pandemia causou uma queda de 47% na ocupação dos hotéis no Brasil. Numa crise desse porte, deveríamos ser mais agressivos com relação às políticas tarifárias”, recomendou.
Em sua apresentação, Faraco destacou ainda que há cerca de R $6,1 bilhões de investimentos programados até 2025 na hotelaria brasileira. “Cerca de 77% das novas unidades habitacionais estão concentradas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas e Santa Catarina. Quase 90% são marcas tradicionais ou da hotelaria independente. Há uma tendência de novos tipos de hospedagem, como a lifestyle, com diárias menores. A hotelaria precisa estar atenta a esse mercado que já conta com marcas como W, da Marriot, e LOMA, entre outras”, destacou.
Dados recentes mostram que pela primeira vez, desde o início da pandemia, houve mais admissões que desligamentos no último mês de julho, aumentando o mercado de trabalho em 1,4%, segundo estudo da CNC – Confederação Nacional do Comércio. O FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil registrou alta de 19,4% na ocupação entre os meses de junho e julho, o maior índice desde o início da pandemia. “Outros números também mostram um aumento na demanda no setor de turismo brasileiro. Uma pesquisa da Conversion, especializada em marketing digital, registrou crescimento no e-commerce de 18,6% entre junho e julho. Em relação ao ano passado, o aumento foi de 150% nos índices do comércio eletrônico no turismo”, explicou.
Segundo Farraco, é preciso estar atento às mudanças trazidas pela pandemia, como a digitalização dos serviços de hospedagem, a necessidade de investir nos programas de fidelização e o upselling. ”A digitalização torna mais claro tudo que é oferecido, sejam produtos ou serviços. É importante também responder com pró-atividade às avaliações dos hóspedes nas redes sociais e demais ferramentas on-line, demonstrando interesse em resolver as necessidades dos clientes”, finalizou.
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