Compartilhar espaços é multiplicar oportunidades

Acredito que esse precioso espaço que temos deve ser utilizado para provocar reflexões sobre nosso setor, além de trazer conteúdos socialmente relevantes. Por isso, quero utilizá-lo para falar um pouco mais sobre a Casa Venezuela e a parceria que temos com eles.


Logo em uma das primeiras oportunidades aqui, trouxe uma reflexão sobre como podemos trabalhar a Responsabilidade Social através de ações ao longo do ano, e não apenas em datas especiais. Naquela oportunidade, comentei sobre a parceria da Triart com a Casa Venezuela, uma ONG que visa facilitar e otimizar o processo de integração socioeconômica de imigrantes.

Como acredito que esse precioso espaço que temos deve ser utilizado para provocar reflexões sobre nosso setor, mas também para trazer conteúdos socialmente relevantes, quero utilizá-lo para falar um pouco mais sobre essa instituição e a parceria que temos com eles. Para isso, pedi a ajuda da Priscila Picarelli, consultora externa Triart, e da Blanca Montilla, presidente da Casa Venezuela. Elas irão contar um pouco sobre a ONG, seu funcionamento e a importância de parceria com empresas. Esse será um texto um pouco diferente do que costumo compartilhar por aqui, mas acredito que seja uma oportunidade muito interessante para conhecer trabalhos tão relevantes quanto esse.

Por dentro da Casa Venezuela

A história da ONG é a Blanca que nos conta. Além de presidente, ela faz parte do grupo fundador da instituição, que nasceu de maneira informal e foi se profissionalizando ao longo do tempo. Em meio a crise migratória de 2018, Blanca se uniu a alguns amigos para ajudar seus compatriotas que chegavam ao Brasil cruzando, muitas vezes a pé, a fronteira com Roraima.

As políticas públicas de alguns estados trabalhava para acolher os refugiados e um grupo de mais de 300 pessoas chegou ao estado de São Paulo. É aonde este grupo de amigos também vive. Nesse momento, iniciou-se um trabalho assistencial para oferecer produtos básicos e alimentação. E mesmo que naquele momento não tivesse um nome, nascia a Casa Venezuela: um grupo de venezuelanos para venezuelanos. 

No começo de 2021, o registro foi efetivado e a Casa agora opera como uma organização, divulgando seu trabalho e ação dentro da sociedade civil. A Blanca nos explica que a Casa trabalha em três vertentes:

Assistencial

A primeira delas é mais urgente e, obviamente, é moldada pela necessidade de uma chegada abrupta. Durante esses primeiros passos, a Casa serve de acolhimento e assistência, auxiliando as pessoas e famílias com cestas básicas, itens de primeira necessidade, roupas e contribuição para transporte público. A ideia é oferecer esse apoio para que a pessoa possa buscar por um trabalho e iniciar uma nova vida no país. A Casa também oferece suporte psicológico e jurídico.

Capacitação

A segunda vertical é igualmente importante e começa com as aulas de português. São essas aulas que permitem ao migrante se introduzir no mercado e na cultura. Já houveram também projetos para capacitar mulheres a trabalhar na área da beleza, um sobre gastronomia realizado no Rio de janeiro e em breve será realizado outro de moda e costura. Tudo para nutrir habilidades e aumentar as chances no mercado de trabalho.

Integração

E a terceira é a integração socioeconômica que conta com a parceria de empresas para oferecer oportunidades de trabalho. Para que os venezuelanos possam ser incluídos definitivamente na sociedade, com possibilidade de retribuir o que receberam. Além de buscar a colaboração com as empresas, a Casa também trabalha na conscientização para que os negócios percebam que a diversidade é só um ganho e pode aportar muito na rotina corporativa. A Blanca conta que, neste momento, há 15 empresas com postos de trabalho preenchidos através da Casa. E esses negócios seguem oferecendo, quando possível, novas vagas de emprego. E uma delas, orgulhosamente, é a Triart.


Como surgiu a parceria com a Triart

O início dessa contribuição mútua nasceu de uma casualidade. Um dos nossos sócios teve contato com a causa através de ações realizadas em seu condomínio e no momento que estávamos buscando por um novo colaborador, imediatamente se lembrou da causa. Sua vizinha nos colocou em contato com a Casa Venezuela e a partir daquele momento a parceria só cresceu. Já são quatro funcionários contratados.

A integração dos funcionários estrangeiros

A Priscila é nossa consultora que auxilia nos processos de integração, recrutamento e manutenção da equipe. E com experiência, ela afirmou que não há diferença. A questão do idioma, que poderia ser um obstáculo, é superada com a receptividade positiva da nossa equipe e com a dedicação do novo contratado em aprender o português. A Casa Venezuela oferece as aulas e, como uma forma de colaborar, disponibilizamos materiais de apoio, como livros e revistas.

Durante todo esse processo a Casa Venezuela se mantém ao lado das empresas, visitando as unidades, conhecendo as equipes e acompanhado até os processos seletivos. A partir dali, confiam que as empresas viabilizem essa inserção. E no nosso caso, contamos com o apoio da Priscila. Ela realiza ao menos quinzenalmente conversas com nossos colaboradores para entender qual departamento eles se sentem mais curiosos sobre, quais as expectativas, entre outras coisas. Um trabalho em equipe que fortalece -e muito- nosso clima organizacional!

Um dever de todos

É nítido que vivemos em um mundo de muitos problemas. Como empresa, temos a responsabilidade de cooperar com nosso grão de areia, seja como for. É o que acredito e busco, por exemplo, através desse espaço. Como a própria Priscila comentou em nossa conversa, é essencial que as empresas abracem a responsabilidade social. Não dá para se ausentar ou fechar os olhos para as questões que envolvem o mundo que vivemos.

Espero que essa seja uma inspiração. E se você se interessou pela causa da Casa Venezuela, será muito bem-vindo, tenho certeza!