A situação atual no Oriente Médio é, sem dúvida, um reflexo da complexidade histórica, política e religiosa que permeia a região há séculos. Desde as Cruzadas até os conflitos modernos, vemos um ciclo contínuo de disputas territoriais e ideológicas que deixam um rastro de destruição e sofrimento. No entanto, é fundamental reconhecer que a grande maioria das pessoas que vivem nesses lugares não deseja a guerra; querem apenas viver em paz, com segurança e dignidade. Como é fato real que o povo israelense, palestino, libanês e iraniano é, em sua essência, composto por indivíduos que almejam a convivência pacífica e o bem-estar de suas famílias.
Infelizmente, há uma minoria poderosa, com interesses diversos — políticos, econômicos, religiosos — que se beneficia da perpetuação do conflito. Muitas vezes, essas elites nem sequer vivem no epicentro das guerras; estão confortavelmente instaladas em outros países, patrocinando e alimentando os conflitos enquanto milhares de inocentes perdem suas vidas. Os verdadeiros agentes das guerras, em muitos casos, são aqueles que, de longe, financiam e armam grupos, mantendo aceso o ciclo da violência e exploração.
Filósofos como Heráclito já advertiam que “a guerra é a mãe de todas as coisas”, refletindo a dualidade da humanidade entre criação e destruição. Contudo, devemos questionar se é inevitável que o progresso dependa de tal violência. Tolstoi, um crítico feroz das guerras e defensor da não violência, acreditava que “a guerra é o produto da ignorância, do ódio e do medo”, e essa visão se reflete na realidade contemporânea. Ainda que a humanidade tenha chegado a conquistas tecnológicas inimagináveis, como o pouso em outros planetas, parece que, em termos morais e éticos, ela está presa em um ciclo de regressão.
Outro pensador, Immanuel Kant, argumentava que a paz só seria alcançada quando a razão e a moralidade prevalecessem sobre os interesses egoístas. No entanto, como vemos no Oriente Médio, há uma lacuna enorme entre o ideal filosófico e a prática política. A primeira vítima da guerra, como já se disse, é a verdade. Propagandas e narrativas distorcidas alimentam a máquina da violência, transformando vizinhos em inimigos e obscurecendo a verdadeira raiz dos problemas. Enquanto isso, as vítimas são sempre as mesmas: civis, famílias, e, tristemente, crianças, que mal começaram suas vidas e já se veem envolvidas em um cenário de sofrimento e destruição.
A tecnologia, que poderia ser uma força para salvar vidas e aproximar as nações, é frequentemente utilizada como arma. Drones, mísseis guiados e sistemas de vigilância tornam a guerra mais precisa, mas não menos cruel. Ao mesmo tempo, avanços médicos e científicos que salvam vidas contrastam com a tragédia da violência que continua a destruir. Essa dicotomia mostra o potencial humano para criar e evoluir, mas também para retroceder e destruir.
É preciso que a comunidade internacional e cada indivíduo consciente levantem suas vozes em defesa das vítimas e trabalhem para exigir mudanças reais. Como disse o filósofo grego Platão: “O preço da apatia em relação aos assuntos públicos é ser governado por homens maus”. A responsabilidade é de todos para que não nos tornemos espectadores passivos diante das injustiças que, inevitavelmente, se espalham e afetam o mundo como um todo.
Em última análise, enquanto a tecnologia avança para o futuro, a humanidade precisa de um despertar moral e ético para que, finalmente, possamos romper esse ciclo de violência. É hora de um esforço global, que vá além de manifestações simbólicas, e que verdadeiramente busque a paz e a dignidade para todos os povos.
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