COSTA VERDE MAR: UM CASE SOBRE TURISMO DE EXPERIÊNCIA
Em 2022 fui chamada pelo Sebrae para participar de um projeto instigante. Estava no meu escopo de trabalho revisar e identificar junto às cidades que compõem a Costa Verde mar, experiências turísticas relevantes, para divulgação e ampliação da oferta turística do litoral de Santa Catarina. Mas vamos do começo para que você entenda como foi essa missão.
A Costa Verde Mar, conheça a nossa região:
A Costa Verde & Mar, localizada na região centro norte conquistou espaço como um dos destinos turísticos mais procurados e desejados do Brasil. Fazem parte deste consórcio as cidades de Balneário Camboriú, Camboriú, Piçarras, Penha, Navegantes, Itajaí, Itapema, Porto Belo e Bombinhas. Para saber mais, acesse www.costaverdemar.com.br .
O Tour da Experiência:
Você saberia dizer do que se trata? Consiste em oferecer algo que vai além de uma simples visita e faz com que o turista vivencie as práticas regionais. Essa era a principal proposta do Tour da Experiência, uma parceria do Consórcio Intermunicipal de Turismo Costa Verde e Mar – CITMAR e do Sebrae/SC. Para esta região, trabalhamos os Roteiros de Experiências Turísticas, onde várias cidades destacaram experiências únicas a serem vivenciadas. Ao longo de 8 meses, cidades e equipamentos turísticos foram visitados e classificados para que, posteriormente, fizessem parte do leque que seria ofertado pela região ao mercado turístico. O conceito do Turismo de Experiência traz a ideia de estimular vivências e o engajamento em comunidades locais que geram aprendizados significativos e memoráveis. Para tanto realizamos a proposição de um Plano de Trabalho, onde sugerimos as seguintes ações macro:
1 ) Identificação dos players de Experiências e como se posicionam
2) Inventariar o que está disponível e em funcionamento para ser divulgado na nossa região
3) Levantar novas atrações e equipamentos que podem ser sensibilizados e inseridos
4) Visitar todas as possibilidades
5) Fazer a capacitação dos entrantes
6) Reagrupar as possibilidades para colocar a venda experiências com opções de 1 a 4 dias
7) Identificar uma experiência de ecoturismo
8) Validar as opções com algumas agências e receptivos que possam ter interesse em comercializar
9) Preparar os briefings de material digital e físico para apresentar ao mercado nas feiras e rodadas de negócios - produção deverá ser terceirizada
10) Preparar releases apresentando as experiências
11) Preparar o campo para trazer jornalistas e influencers para divulgar as possibilidades em Fampress
12) Apresentar as experiências em eventos estratégicos para o trade turístico nas Feiras e no local - apropriações
Na sua continuidade, trabalhamos junto à Governança a remodelagem de formato e divulgação, readequação dos equipamentos e opções disponíveis na atualidade. A mensagem ou proposta para quem deseja implantadas experiências turísticas em seus equipamentos, era a seguinte:
- Crie ou aprimore a sua experiência;
- Conte uma história com ela;
- Gere um aprendizado;
- Sua matéria prima são as memórias afetivas, gostos, sons, toques, imagens…
- Faça tudo para criar conexão, resgate ou reconexão com o visitante.
É claro que essas premissas estavam presentes em maior grau em umas, em menor grau em outras, mas via de regra elas saltavam aos olhos cada vez que me deparava para experimentar e avaliar. Para tanto, montei um questionário no Google Forms e todas, sem exceção, responderam a uma série de questões, que serviram para facilitar e balizar as recomendações técnicas. Depois das visitas realizadas, sugerimos as seguintes recomendações técnicas, algumas para os empreendimentos, outras às cidades que os sediavam:
- Sinalização para o equipamento / experiência: facilitar a chegada do visitante;
- Pavimentação / melhoria dos acessos: articulação com a Prefeitura, união com os empresários da rua;
- Acessibilidade: rampas, barras, piso tátil, braille;
- Toaletes para visitantes: sinalizados e limpos;
- Trabalhar a experiência nas comunicações internas:, campanhas em redes sociais;
- Treinar a equipe para as comunicações;
- Materiais físicos e campanhas digitais: divulgação, depoimentos, fotos;
- Internet para visitantes: liberada, rápida e de fácil entendimento;
- Treinamento específico para a experiência: todos devem saber falar e fazer;
- Uniformes e/ou identificações adequadas: camisetas, crachás e boa apresentação visual;
- Testagem e adequações internas: treinar, diminuir erros, validar.
Considerações finais:
Santa Catarina é um Estado sensacional, me surpreende cada vez verificar como surgem novas oportunidades de produtos turísticos, mas me espanta mais ainda a quantidade de experiências que não são ofertadas. Culpa de quem? um conjuntos de variáveis combinadas.
Das 12 ações do Plano de Trabalho, só não conseguimos realizar o Fampress, pois o fim do ano chegou e a alta temporada se encarregava de tomar todo o tempo livre dos gestores. Para além disso, no seu formato o programa ainda precisa de continuidade. Não houve evoluções junto ao mercado para que a compra das experiências fosse feita, infelizmente, para que as experiências entrassem em definitivo nas prateleiras do mercado. Grande parte das coisas no país não evoluem e não chegam na ponta, porque as prioridades mudam com as trocas de governo, é fato.
Outra questão a ser pontuada é que as experiências identificadas têm grande potencial de venda, mas nosso empresário ainda carece de conceitos importantes como a questão de investir em planejamento e ter colchão financeiro, assim como as cidades ainda não cumprem o óbvio ululante de implantar sinalização turística e pavimentação dos acessos. Fatos.
Para concluir, peço licença para usar uma frase do Kotler que diz que “A participação no mercado não se compra. Descubra uma maneira de ganhá-la.” Achei sensacional, essa afirmação serve muito bem para as empresas e cidades que querem ampliar a sua participação no mercado. Mas, como dizem, sucesso vem antes do trabalho só no dicionário.
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